Projeto Termus aprovado

Recuperar, conservar e valorizar a música tradicional e popular na Terra de Miranda e na província de Zamora, através da recolha sistemática e da difusão de testemunhos orais que preservem a solidez da memória sonora deste território e a sua diversidade cultural, são os objetivos do projeto «Termus – Territórios Musicais» que acaba de ser aprovado no âmbito do INTERREG VA Espanha-Portugal (POCTEP).
A iniciativa é promovida pela Direção Regional de Cultura do Norte, através do Museu da Terra de Miranda (Miranda do Douro), e pelo Museu Etnográfico de Castilla y León, será desenvolvida entre 2019 e 2021, e implica um investimento de 274 mil euros.
Atendendo à necessidade da recuperação e conservação urgente do património Imaterial relacionado com a música popular na Terra de Miranda (Portugal) e na província de Zamora (Espanha), assente sobretudo na sabedoria ancestral das populações mais idosas, o projeto implicará a recolha de testemunhos orais e o seu respetivo tratamento; ciclos de debates e conferências; edição de materiais didáticos e sensibilização nas escolas; cursos de formação especializados; congressos internacionais; participação em congressos e foros especializados; bem como a publicação de artigos em revistas especializadas.
O projeto prevê ainda a aquisição de instrumentos musicais que ampliem as coleções permanentes do Museu da Terra de Miranda e do Museu Etnográfico de Castilla y León; a produção de uma exposição temporária itinerante (Zamora, Miranda do Douro e Porto) relacionada com a música popular e tradicional de ambas as áreas geográficas; produção, edição e instalação de um espaço interativo museográfico para a divulgação, promoção e conhecimento da música tradicional de ambos os territórios; e a criação de novas dinâmicas de participação pública relacionadas com a música com base na organização de festivais musicais em Zamora, Miranda do Douro e no Porto.
O êxito do presente projeto fundamenta-se nos inúmeros pontos em comum que unem a Terra de Miranda (Portugal) e a província de Zamora (Espanha). Ambos os territórios têm similares formas de vida e um vasto património etnográfico, no qual a música exerce um importante protagonismo.
Parte da ampla sabedoria ancestral, que as pessoas mais idosas conservam, encontra-se ligada a diferentes aspetos que relacionam a pessoa com a terra onde vive. O tratamento e convivência com os diferentes elementos do meio ambiente e a influência de todos estes aspetos nas diferentes etapas da vida (nascimento, matrimónio, desenvolvimento do indivíduo, morte…) faz com que a Memória individual e coletiva tenha sido efetuada pelo Território e vice-versa, transformando a conversão de ambos os elementos em património Imaterial de valor incalculável.
Ambos os territórios compartilham ritmos, sons, letras e instrumentos musicais singulares, que não se encontram no resto da Península Ibérica. Apesar de se encontrarem separadas administrativamente, estas áreas fronteiriças vivem o seu dia-a-dia de forma conjunta: o intercâmbio comercial, turístico, social e cultural é permanente e constante, independentemente da nacionalidade de uns e outros. Uma realidade que será agora devidamente estudada no âmbito do projeto «Termus – Territórios Musicais».